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TRADUÇÃO MENTAL

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O fenômeno popularmente conhecido como “tradução mental” é uma forma de interferência da língua materna na língua alvo. A tendência de apelar para traduções mentais é a atitude natural de toda a pessoa monolíngüe, ao se deparar com uma língua estrangeira. A persistência deste hábito entretanto é sintoma de que algo vai mal. Revela que o direcionamento, a estratégia de aprendizado está errada.

O monolíngüe é aquele cuja mente só funciona nas formas da língua materna. O aprendizado de uma língua estrangeira como inglês, por sua vez, consiste essencialmente na eliminação da interferência da língua materna – no nosso caso o português. Consiste na substituição das formas (pronúncia, vocabulário e estruturas) do português pelas formas (muito diferentes) do inglês. Se estivéssemos aprendendo espanhol ou italiano, poderíamos aproveitar muito da nossa habilidade lingüística num processo mais de transferência e adaptação do que substituição. Sendo entretanto inglês nosso objetivo, uma língua que apresenta um nível de contraste muito mais acentuado em relação ao português, seu aprendizado implica em reaprender a estruturar nosso pensamento, dessa vez nas formas do inglês. Seria como que, parcialmente, reaprender a pensar.

Portanto, no caso específico de brasileiros aprendendo inglês, o método da tradução prematura, assim como praticado no ensino médio, é contraproducente. O mesmo erro pode ser observado também em cursos de inglês que transferem a idéia da tradução para os exercícios orais dos estágios iniciais. Parece muito fácil, mas vicia e direciona para o lado errado. Ensinar a traduzir rapidamente poderia ser comparado ao ato de ensinar a andar de bicicleta em bicicleta de três rodas.

O depoimento de Marília Conte Daros, uma professora de inglês que iniciou seus estudos no Brasil, ilustra bem o problema:

In my case, I had a hard time becoming fluent in the second language because of the interference of two factors. The first factor was learning strategy, which was translating (L2 to L1 to L2 again) due the fact that my foreign language classes focused on The Grammar Translation approach. It was a slow strategy that caused me a lot of headaches and frustration. I spent a whole year translating while I was an exchange student. The second interference was low self-esteem, the belief of not being able to produce L2, due to the oppressed education I experienced in undergraduate school in Brazil. Professors believed that low grades reflect a hard school (meaning “good”), so nothing was good enough. Undergraduate students got to graduation scared to use the target language. (Disponível em: http://pegasus.cc.ucf.edu/~gurney/LangConn.htm).

Este depoimento revela claramente não só o erro a que nos referimos, como também a incapacidade do aprendiz em perceber o erro do caminho que lhe apontaram. Se uma pessoa inteligente como a Prof. Marília levou anos para perceber a ineficácia da metodologia que seguia, como é que nós, muitas vezes profissionais de outras áreas, vamos conseguir avaliar o método de ensino que nos promete milagres? Isto também demonstra a capciosidade do apelo comercial de cursos que oferecem uma “aula demonstrativa”.

Em resumo, a habilidade de se falar uma língua fluentemente, já exige nosso cérebro ao limite. Não há cérebro humano que consiga processar duas línguas simultaneamente. (O caso de tradução simultânea não serve como exemplo porque quando tradutores-intérpretes atuam, eles não estão desempenhando criativamente.) Por isso é que o bom aprendizado de inglês, desde o primeiro dia de aula, não inclui a língua materna.

Collocational competent

Essa semana foi apresentada no Jornal Nacional uma matéria falando sobre os estrangeiros que vêm trabalhar no Brasil. Para finalizar a matéria mostraram uma estrangeira falando sobre o fato de estar triste com o fim do trabalho dela por aqui.

Essa estrangeira falava português muito bem por sinal: pronúncia, vocabulário, gramática, etc. Tudo estava perfeitamente bem quando no fim ela disse “eu vou voltar, infelizmente, com o coração quebrado”. Pronto! Isso foi o suficiente para desmoronar a ideia do quase uma falante nativa do português. Por quê? O que ela fez de “errado”?

Se você percebeu bem a sentença dela, notou que ela usou uma combinação de palavras não muito comum para nós. Ou seja, um falante da língua portuguesa diria “eu vou voltar com o coração partido”. Afinal, para nós o mais natural e frequente é “coração partido”, não “coração quebrado” como ela disse. O que aconteceu nesse caso?

Como eu disse acima, a estrangeira falava português muito bem. Mas, ela não conhece uma combinação de palavras que para nós soa muito natural. Ela certamente traduziu a expressão do inglês para o português palavra por palavra. Isto é, em inglês eles dizem “broken heart”, que literalmente – palavra por palavra – significa “coração quebrado”. Como ela traduziu palavra por palavra a expressão em inglês, para nós ela – a expressão – soou estranha. Pois, o mais comum é “coração ________” (complete aí, pois você já sabe). O que isso tem a ver com você e seu aprendizado de inglês?

Muitas vezes, estudantes de inglês em níveis mesmos avançados cometem esse tipo de “erro”. Nós os chamamos de erros colocacionais; pois, a pessoa não usa as combinações de palavras (collocations) mais naturais da língua alvo. Aqui vale dizer que collocations não é uma coisa, mas sim um fenômeno no qual as palavras se combinam de modo natural. Como assim?

Por exemplo, você quer dizer “fazer uma festa” em inglês e fica se perguntando se o certo é “make a party” ou “do a party”. Você então arrisca dizer “make a party”. No entanto, o mais natural em inglês é dizer “throw a party”. Nada de “make” ou “do” com “party”. A palavra que combina melhor é “throw” (há ainda outras, mas “make” e “do” não estão na lista).

Outro exemplo é “problema cabeludo”, que em inglês não é “hairy problem”. Nada de traduzir ao pé da letra, por favor! Nesse caso, a combinação mais natural é “thorny problem” ou “knotty problem”. Pode ser ainda algo com uma palavra: “lunch”, por exemplo. Se você tiver de dizer “ficar sem almoçar” ou “ficar sem o almoço” o correto em inglês é “skip lunch” e jamais “stay without the lunch”.

Saber combinar as palavras correta e naturalmente em inglês é uma forma de mostrar que você é “collocational competent” (competente colocacional). David Willis, renomado pesquisador na área de ensino da língua inglesa, disse certa vez que uma pessoa pode saber tudo de gramática, pode saber um monte de palavras, pode ter uma pronúncia quase impecável, mas se não tiver competência colocacional poderá causar confusões sem necessidade. Isso é importante?

Eu acredito que sim. Afinal, você pode dizer as coisas com mais clareza em inglês. A mensagem pode ser passada com maior exatidão. Um órgão do governo brasileiro, certa vez, traduziu a combinação “redondamente enganado” por “roundly mistaken” para o inglês. Sendo que o correto seria “very much mistaken” ou “profoundly mistaken”. Mas, como se tornar “collocational competent”?
Contudo, a principal dica é: procure sempre aprender combinações de palavras e não palavras isoladas. Isso significa que vale muito mais aprender a dizer “throw a party”, “gatecrash a party” (entrar de penetra em uma festa), “leave the party” (sair da festa), “enjoy the party” (aproveitar a festa), etc., do que aprender apenas “party”. Como aprender isso? Onde encontrar esse tipo de informação?

O que você achou da ideia de ser “collocational competent”? O que você pode fazer para se tornar “collocational competent”? Você tem alguma estratégia? Quais são as dificuldades que você vê nisso? Isso para você é importante ou não faz a menor diferença?

Escrito por Denilson Lima (link abaixo)

Inglês na Ponta da Língua

Um líder em meio ao desastre

É difícil começar um texto que pretende falar de um desastre em que mais de 1 mil pessoas morreram (em números oficiais que devem aumentar). É complicado entender como podem duas placas se moverem e destruirem tanto. Acordamos na sexta-feira, dia 11 de março, e tivemos a ingrata surpresa de imagens como essa:

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Ka, tem um papel importantíssimo nos próximos dias. Ele é o líder oficial e é quem pode ou não fazer do pós-Terremoto/Tsunami outro desastre. Em um discurso ele disse algo que me chamou muita atenção:

“Se nós, o povo japonês, podemos superar estas adversidades, isto depende de cada um de nós, cidadãos japoneses […] Acredito que podemos superar este grande terremoto e tsunami se nos unirmos” (li aqui)

Ao mesmo tempo que ele diz que cada um tem que fazer sua parte ele chama a população para a união. Ele sabe que só a união fará a força. Os japoneses já passaram por um grande desastre, no meio século passado: a segunda guerra mundial. E daí tiraram muitas lições. O próprio primeiro-ministro afirma que “Este terremoto e tsunami, e também a situação que diz respeito à usina nuclear, são talvez a as adversidades mais difíceis que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial, em 50 anos.”

Um bom líder – e ao meu ver Naoto Ka tem sido um diante do cenário que ele se encontra – consegue inspirar pessoas por um bem comum. É claro que no caso japonês há uma situação que já faz as pessoas naturalmente se unirem. Vimos isso no Rio de Janeiro, no começo do ano, em Nova Orleans… Mas há um ponto que precisamos nos ater: sem um bom líder o pós-tragédia vira uma tragédia ainda pior.

É preciso motivar as pessoas depois do destrastre para que as coisas voltem ao normal. Mas o mais importante (e daí vem a grande lição) é saber aprender com um desastre. E quem pode fazer isso? Um líder. Se ele souber motivar e dar continuidade a essa motivação, as pessoas aprenderão. O próprio processo que vem em seguida é um aprendizado. Sejamos sinceros: será que nós braileiros conseguimos aprender algo com nossos desastres (que são muitos)? Acho que nos faltam bons líderes.

 

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Como nosso cérebro aprende inglês

Como todos já devem saber, a base do aprendizado é a prática constante. Tudo aquilo que aprendemos ou vivenciamos, se não utilizado, é descartado pelo cérebro. Não pense que isso é uma coisa ruim, a seleção das informações a serem retidas é quase que um mecanismo de defesa. Imagine se você fosse capaz de lembrar do que comeu no café da manhã de exatos 4 anos atrás? Tanta informação provavelmente o tornaria louco.

Como reter a informação importante?

Parece óbvio, se é importante para mim então meu cérebro vai manter a informação armazenada, na realidade não é bem assim que as coisas funcionam. Se você acabou de aprender uma palavra nova, essa informação vai para a chamada memória de trabalho, ela atua no momento em que a informação é adquirida, retém essa informação por alguns segundos e a destina para ser guardada por períodos mais longos ou a descarta. Se a informação é importante a ponto de você querer lembrar dela mais tarde e se você se esforçar para que isso aconteça, ela vai para a chamada memória de curto prazo. Para saber mais sobre esse processo leia o artigo do Dr. Drauzio Varella.

Mas Alessandro, você ainda não disse como reter o conhecimento!

O pulo do gato está em tornar a memória de curto prazo em memória de longo prazo, ou seja, aquela que vai ficar guardada no cérebro permanentemente. A resposta a essa pergunta reside na palavra – repetição. Existem 2 formas de fazer isso, leia atentamente as 2 situações abaixo:

Situação 1 – Você acorda cedo e começa a estudar inglês. Como você está num dia inspirado e extremamente motivado, resolve passar a manhã inteira estudando avidamente. Você passa a matéria 1, 2 até 3 vezes. São 4 horas de estudo intenso e você pára na hora do almoço exausto mentalmente.

Situação 2 – Você acorda cedo e estuda por 30 minutos, mesmo empolgado você pára e vai realizar outras obrigações. Durante o período da tarde são mais 30 minutos de estudo, neste caso foram gastos 10 minutos revisando o que foi estudado durante a manhã. Antes de dormir você dedica mais 30 minutos, nos quais 20 foram utilizados revisando o que foi estudado durante o dia e os 10 restantes praticando com exercícios.

Em qual situação houve mais aprendizado?

Vou relatar aqui a minha experiência. Já tentei estudar das duas formas citadas anteriormente. No meu caso a Situação 2 mostrou-se muito mais efetiva. Apesar da diferença de tempo 1:30 da situação 2, contra 4 horas da Situação 1. Eu atribuo a maior efetividade a 2 fatores. O primeiro eu já citei, a repetição. O segundo diz respeito à distribuição de horários, não adianta passar horas estudando um só tema (seja ele idiomas ou qualquer outro), com o tempo o cérebro vai ficando cansado e não há retenção de conhecimento.

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http://www.englishexperts.com.br/2008/12/14/como-nosso-cerebro-aprende-ingles/

Como aprender inglês com as séries de TV

Descobri quase por acaso que as séries de TV podem ser um ótimo instrumento para aprender inglês. Sempre tive dificuldade para estudar através do modelo tradicional de ensino de idiomas, que combina explicações gramaticais com exercícios repetitivos de memorização. Porém, de forma despretensiosa, acabei desenvolvendo uma boa compreensão de diálogos assistindo à minha série favorita – Friends. Comecei vendo os episódios na TV e depois comprei os DVDs das temporadas. O que antes representava um “descanso mental”, passou a ser uma forma de estudo e acabei criando uma sistematização para isso. Deixo aqui a minha experiência para quem quiser tentar:

  1. Escolha – Decida com calma qual série você vai escolher. Esta etapa é muito importante para o êxito de todo o processo. Dê preferência àquelas que retratam situações cotidianas.
  2. Com legendas em português – Assista aos episódios com legenda em português. Nessa etapa você pode relaxar e curtir o programa. Concentre-se, por enquanto, apenas no conteúdo. Na verdade, a despreocupação e o envolvimento com a trama vão ajudar nas etapas seguintes;
  3. Sem legendas – “Volte a fita” e assista novamente, mas desta vez sem legendas. Mesmo sem entender boa parte das falas, você vai se lembrar da essência da história. Daí a importância de escolher uma série de que você goste bastante, pois esta etapa depende do seu envolvimento com os personagens e a trama;
  4. Com legendas em inglês – Assista pela terceira vez, mas com a legenda em inglês, lendo atentamente, pausando se necessário, e anotando as expressões que não conhecer. O foco passa a ser exclusivamente o idioma, pois a essa altura você já decorou a história.
  5. Manutenção – Assista, de preferência sem legendas, aos episódios de vez em quando para não deixar que o vocabulário aprendido caia no esquecimento.

A série escolhida por mim é uma sitcom, abreviação de situation comedy, o mesmo que “comédia de situação”. A vantagem deste gênero é que ele traz situações corriqueiras, e, com elas, diálogos recheados de expressões cotidianas. Você mergulha no universo da língua, se familiariza com a sua estrutura, com a pronúncia das palavras, além de ampliar o vocabulário. A comédia foi gênero que eu usei, mas nada impede que você tente aplicar essa metodologia ao programa de sua preferência.

Não espere resultados milagrosos depois de uma semana. Não existe também um número mágico de X episódios para você atingir um nível razoável de compreensão. É óbvio que quanto maior a exposição ao idioma , melhor, mas cada um tem seu próprio ritmo. Lembre-se de que “regularidade”, a 3a.  é imprescindível.

Também é importante deixar claro que este método pode dar certo para algumas pessoas e para outras não. Cabe a cada um entender qual é o tipo de metodologia que mais combina com você. Essa é a minha história, de quase dois anos, com as 10 temporadas de Friends. Espero que ela possa ajudar àqueles que vivem situações semelhantes. Se você tiver dúvidas, sugestões ou quiser relatar uma experiência parecida, deixe sua contribuição nos comentários

Julia Engler Daoli